segunda-feira, 31 de março de 2014

O Golpe de 64 no Piauí


Por Mauricio Moreira

Professor de história da rede pública.

Mestrando em História do Brasil pela UFPI.
Militante do PSTU-PI.



No dia 31 de março de 1964, há exatos 50 anos, os militares implantavam uma ditadura no país que durou até o ano de 1985 quando Tancredo Neves foi eleito presidente pelo voto indireto do congresso nacional. Antes do Golpe vivia-se um momento de grande participação popular na vida política nacional, embalados pelo desejo de mudanças sociais e políticas. João Goulart (Jango) era o presidente, eleito em 1962 pelo Partido Trabalhista Brasileiro(PTB), sendo deposto com o Golpe Militar.  Desde o primeiro momento se instalou no país um clima de terror ocasionado pelas perseguições, prisões e torturas contra os opositores do regime. 

No Piauí não foi diferente, no dia seguinte já começou a “caça as bruxas”, com várias pessoas sendo perseguidas e presas. Destaca-se que no Piauí estava como governador Petrônio Portela, que em um primeiro momento foi contra o Golpe e a favor da permanência de João Goulart como presidente, posição que mudou em pouco tempo. Uma das obras que revela a dinâmica dos fatos naqueles fatídicos dias no Estado do Piauí é a obra “Tempos de contar: o que vi e sofri nos idos de 1964” onde o Jesualdo Cavalcante, que era vereador de Teresina na época recorda os detalhes da sua prisão no 25º BC(Vigésimo Quinto Batalhão de Caçadores) e da cassação do seu mandato de vereador nos dias seguintes. Além de Jesualdo Cavalcante várias outras pessoas foram encarceradas nas celas do Batalhão do exército, como camponeses, professores, profissionais liberais e políticos.
 
Dentre os presos, estavam lideranças do movimento sindical, estudantil e das ligas camponesas, mostrando que o novo regime estava disposto a acabar com as mobilizações populares que ocorriam no Estado em apoio as “reformas de base” do governo Jango e para isso, era necessário perseguir e prender as principais lideranças do movimento social piauiense. Mandatos de políticos democraticamente eleitos pelo voto popular foram caçados, como aconteceu com o Vereador de Teresina Jesualdo Cavalcante (PTB) e do Deput. Federal Chagas Rodrigues(PTB). Além disso, os partidos foram postos na ilegalidade, e a sede do Partido Comunista Brasileiro(PCB) em Teresina foi devassada pela polícia e documentos apreendidos sob a afirmação de que serviriam de provas contra as atividades do partido e de seus militantes. Alguns militantes do partido também foram presos, à exemplo de José Esperidião Fernandes, Honorato Gomes Martins e José Pereira de Sousa(Zé Ceará). 

No campo educacional o programa de alfabetização de adultos inspirados no método de Paulo Freire, que estava sendo desenvolvido no bairro Matinha, em Teresina, foi interrompido, sob a  alegação de incentivar a subversão, tendo em vista que o método de alfabetização trabalhava a consciência política dos trabalhadores. Assim como no Piauí, o projeto foi abortado em outros Estados brasileiros, inclusive com muitos professores sendo perseguidos.

Essa era a realidade do Brasil, e o Piauí não fugia à regra. Cinquenta anos se passaram e pouco se avançou no sentido de trazer à tona a verdade sobre o que se passou naquele período aqui no Piauí, principalmente em se tratando de resgate da memória. Nesse aspecto ainda estamos muito atrasados, pois em muitos Estados já se realizaram algumas ações nesse sentido. À exemplo que muitos estados transformaram espaços de repressão como os prédios do DOPS(polícia política), em centros culturais de preservação da memória do período. Aqui no Piauí, o antigo prédio do DOPS virou sede da Fundação Walter Alencar, e muitos piauienses que passam na sua frente, não imaginam o que se passou naquele prédio. Sem falar que o Piauí é um dos poucos Estados onde ainda não se tem acesso aos documentos do DOPS produzidos no período da Ditadura, comprometendo o avanço e desenvolvimento de pesquisas sobre o tema. Precisamos avançar e muito ainda nesse sentido.

Portanto, que os cinquenta anos do Golpe Militar seja lembrado com um capítulo nefasto da história do país e do Piauí, onde militares apoiados por setores da sociedade, financiados  pelos EUA e por empresas estrangeiras e nacionais(Ultragás, Globo e muitas outras), mergulharam o país em uma Ditadura sanguinária que ceifou vidas e abortou sonhos de milhões de brasileiros que lutavam por um país mais igual, com reforma agrária, ensino público de qualidade, melhores salários e direitos trabalhistas e tantas outras demandas democráticas que estavam na ordem do dia nos idos de 1964. Pelo direito a memória, verdade e justiça! 

Ditadura nunca mais!

sexta-feira, 28 de março de 2014

Nota de pesar e solidariedade




O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) manifesta solidariedade à família e amigos de Francisco Eduardo Pinheiro, que faleceu precocemente no dia 25 de março deste ano.

Francisco era filho do jornalista Vilamar Pinheiro (que tem importante histórico em redações de jornais e assessoria de imprensa de movimentos sociais no Piauí) e irmão do advogado Ramsés Pinheiro, militante do PSTU, em Teresina-PI.

Neste momento de grande dor, nossos mais sinceros pêsames.


Teresina, 28 de março de 2014.


Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU/PI

terça-feira, 11 de março de 2014

Nota do PSTU-PI diante de ataques à nossa sede e aos nossos militantes




Na noite do dia 7 de março, do corrente ano, a sede do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) em Teresina foi mais uma vez alvo de ataques. A agressão se deu durante no momento em que o partido estava realizando um evento em que rememorava o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, através de um debate sobre “Violência contra a mulher”, o que foi ainda mais revoltante para o conjunto da militância do PSTU, simpatizantes, ativistas e visitantes que participavam desta atividade.

No ano passado, a sede do PSTU no Piauí já havia sofrido ataques como pichações e até ações bem mais graves, como arrombamento e roubo de documentos e equipamentos, cujos autores ainda não foram identificados. Por isso, não descartamos a hipótese de tais agressões estarem correlacionadas com os fatos ocorridos na noite de 7 de março.

No dia 7 de março, Teresina teve três eventos relacionados ao Dia Internacional à Mulher. E em todas estes eventos, militantes do PSTU estiveram presentes. Pela manhã, participamos do ato contra a violência à mulher promovido pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Teresina (Sindserm), Movimento Mulheres em Luta (MML), Assembleia Nacional de Estudantes Livre (ANEL), Central Sindical e Popular CSP-Conlutas e outras entidades, na Praça Pedro II, no centro da cidade. Na parte da tarde, aconteceu a atividade “batucada feminista”, no canteiro central da Av. Frei Serafim, no centro da cidade, também no centro de Teresina, em que estiveram presentes as entidades acima, assim como um grupo de punks, dentre outros. À noite, o PSTU realizou mais uma edição do projeto “Sexta Socialista”, com um debate na sede do partido, tendo como centro a temática do combate à violência à mulher e ao machismo, que recentemente vitimou uma de nossas militantes em Recife-PE, a companheira Sandra Fernandes, e seu filho de 10 anos, Icauã.

Pouco depois do início das exposições da mesa do debate no PSTU, cerca de 20 pessoas do grupo de punks que estava presente na atividade “batucada feminista” chegaram até a entrada da sede do nosso partido gritando ofensas contra nossa organização, dentre elas uma de cunho homofóbico: “PSTU vai tomar no C...!”. Tal grupo ainda jogou objetos contra a sede do partido e contra os participantes do debate. A intenção do grupo, pelo grau de agressividade que se viu, era de atacar a sede do PSTU e impedir a continuação do evento. A presença de um número representativo de militantes do partido, assim como de pessoas presentes ao evento, intimidou a ação do grupo agressor, que recuou da tentativa de mais agressões e até mesmo de uma possível invasão à sede.

O PSTU vem a público não só registrar tal fato lamentável e infame como repudiar às agressões dirigidas não somente ao nosso partido quanto, também, a todas as mulheres lutadoras que estavam em um evento que buscava justamente combater o machismo que fora demonstrado na ação desse grupo agressor. Ações dessa natureza devem ser extirpadas do nosso meio e, ao mesmo tempo, denunciadas por todos os movimentos sociais e entidades políticas. Da nossa parte, queremos deixar público que não iremos aceitar tais intimidações e realizaremos todas as ações cabíveis, inclusive o uso do direito à autodefesa, para que atos de natureza machista, intimidadora e antidemocrática de qualquer grupo não nos atinjam. Atos de covardia e machismo não passarão!

Por outro lado, mantemos nossa disposição para travar as discussões que forem necessárias com militantes honestos de organizações que divergem politicamente de nosso partido, pois acreditamos que diferenças políticas entre entidades organizadas que reivindicam a superação do capitalismo podem ser resolvidas com um debate franco, e não com agressões físicas e utilização do método da calúnia. Desta forma, mesmo com as divergências políticas entre organizações de esquerda, é possível atuar em unidade contra a direita (PSDB, DEM, PSB...) e contra os governos do PT, dentre outros, que buscam no momento criminalizar os movimentos sociais e retirar os poucos direitos democráticos que ainda dispomos. Unidade esta que já vem ocorrendo entre diversas organizações, em nível nacional, contra Projetos de Lei que tramitam no Congresso Nacional que tratam como “terroristas” os que participam de movimentos sociais.

Agora e na Copa, vai ter luta! Nossa luta será ainda mais forte se houver o devido respeito entre os lutadores de diferentes grupos políticos, sem que se abra mão de continuar os saudáveis e necessários embates ideológicos sobre as formas de emancipação da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre, contra a exploração capitalista.

Teresina, 11 de março de 2014

Direção do PSTU no Piauí