quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Contra o Assédio Moral! Pelo fim das calúnias!


O PSTU informa que o professor Renato Veloso, diretor da escola municipal Camilo Filho, em Teresina, acusado de cometer assédio moral contra professoras da mesma escola,  não pertence ao quadro de militantes e filiados do PSTU. Ele é formalmente filiado ao PSOL.

O PSTU repudia a atitude de Renato Veloso e se soma às professoras, exigindo  apuração e punição  de todos os envolvidos. E informa também que no dia 28.08 (última quarta-feira), os dirigentes do Sindserm ligados ao PSTU se reuniram com as professoras que denunciaram o assédio e com o professor Renato para exigir providências.

Na reunião, os militantes do PSTU afirmaram que vão levar o caso para uma assembleia geral do Sindserm e defenderão a saída do professor Renato da diretoria da entidade, em virtude de práticas incompatíveis com o programa e a política da diretoria.

Além das medidas já tomadas, os militantes do PSTU  exigiram um protocolo de conduta por parte do professor Renato, sob pena de, em caso de descumprimento, outras possíveis sanções possam ser adotadas e aprovadas nas devidas instâncias do sindicato.

Os membros  do PCO,  APS-PSOL e CSOL-PSOL (que fazem parte da diretoria do Sindserm junto com o PSTU) sabem que o professor Renato Veloso é filiado formalmente ao PSOL e há mais de um ano não tem relações políticas com o PSTU e nem com a CSP-CONLUTAS, central a qual o Sindserm é democraticamente filiado e que repudia práticas dessa natureza.

Infelizmente, ao invés de unirem todas as forças para defender as professoras, utilizam esses fatos graves para caluniar o PSTU e a CSP-CONLUTAS que nada têm a ver com isso. 

O PSTU repudia a política deliberada de calúnia por parte do PCO, APS e CSOL, como método de disputa política no movimento sindical. Tal prática visa confundir a categoria de servidores municipais, mas na verdade serve aos interesses da direita do movimento sindical que está ávido para retomar a diretoria do Sindserm e colocar a entidade novamente sob controle da prefeitura, hoje ocupada pelo PSDB.

Contra o Assédio Moral!

Pelo fim das calúnias!

Por um processo eleitoral limpo e democrático no Sindserm!


Militantes de base do PSTU que atuam no serviço público municipal de Teresina

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Unir as mobilizações no dia 30 de agosto


Depois das gigantescas passeatas de junho e do ensaio de greve geral de 11 de julho, agosto promete dar continuidade ao novo momento que vive o país

A imprensa e o governo estão mostrando a realidade atual como uma “volta à normalidade”, porque já não se vê mobilizações do porte das de junho. É apenas mais uma tentativa de tentar fazer parecer que a situação retrocedeu para aquela anterior.
No entanto, houve uma mudança na situação do país, acabando com a estabilidade política que existia. Mudou a relação de forças na sociedade: antes de junho, as classes dominantes reinavam tranqüilas. Agora, existe uma ofensiva das massas e uma postura defensiva dos governos e das grandes empresas.
Isso pode ser comprovado com facilidade. Algumas centenas de pessoas ocupam Câmaras de Vereadores, e a polícia não se anima a reprimir. Um pequeno grupo pode parar a Avenida Paulista – o santuário do capital financeiro – a qualquer momento. Isso ocorre porque existe um grande apoio da população às mobilizações. Uma repressão poderia desencadear lutas muito maiores.
Hoje, as manifestações não têm a característica de antes, com as passeatas unificadas. Mas têm a radicalidade do momento atual, ainda assustando os governos, o que lhes dá muito mais possibilidades de vitórias do que antes de junho. É o momento em que os movimentos sociais devem ir à luta para conseguir que suas reivindicações sejam vitoriosas.
Muitas dessas lutas já estão em curso, algumas se iniciam. No Rio, o “Fora Cabral” reúne distintos setores e pode se massificar. Os estudantes retomam as aulas e continuarão a luta pelo passe-livre. Novas câmaras de vereadores podem ser ocupadas. Os trabalhadores, em suas distintas categorias, estão preparando campanhas salariais.
As centrais sindicais chamaram um novo dia nacional de paralisações, no dia 30 de agosto, que pode unificar todas essas mobilizações. Podemos ter mais greves que no dia 11 de julho, com a incorporação das campanhas salariais, junto com grandes mobilizações da juventude pelo passe-livre e tantas outras reivindicações. Agosto pode ser uma combinação de junho e de julho.
A crise de Dilma
O governo Dilma Rousseff (PT) foi desgastado pelas mobilizações de junho e não se recuperou. Apesar da política da CUT e do PT, as últimas pesquisas indicam que já existe uma desaprovação majoritária ao governo.
Isso se estende aos governos municipais e estaduais. O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), é o recordista de impopularidade, com 12% de aprovação. Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo, tem o apoio de apenas 18% do povo. Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, tem 26%. Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, só 25%.
A grande burguesia aceitava e apoiava o PT no governo porque este garantia a estabilidade econômica e política do país e os altíssimos lucros deles. O PT continua garantindo os lucros, mas não a estabilidade. Por isso, começa a haver divisões entre a burguesia. Dilma começou a enfrentar oposição das grandes empresas, embora ainda tenha um grande apoio desses setores. A imprensa começou a ser mais hostil com Dilma, e a base governista no Congresso está em rebelião aberta.
Dilma reage à divisão da burguesia fazendo mais concessões ao capital financeiro. Retomou a alta da taxa de juros, reiterou a meta de superávit primário, de 2,3%, com consequente corte de gastos públicos. Isso se choca com as promessas de concessões ao movimento de massas, como mais verbas para gastos sociais.
A resposta do governo perante as mobilizações aumentou a crise. A primeira proposta de constituinte foi detonada em apenas um dia. A segunda, do plebiscito, acabou também derrotada pela base governista no Congresso. A política social mais importante – o plano para a saúde – é contestada abertamente pelas entidades médicas, com passeatas e greves nas ruas. Pode ser que acabe também em derrota do governo. Não existe uma resposta política clara perante a crise aberta em junho.
Elementos de crise na democracia dos ricos
A ofensiva das massas se chocou com as instituições da democracia burguesa. Não se visualiza, no entanto, uma alternativa a elas mais avançada. A democracia dos ricos não representa o clamor das ruas.
Porém se expressa, no Brasil, uma das consequências da restauração do capitalismo no Leste europeu, com o retrocesso da consciência dos trabalhadores e da juventude. A atual inexistência de sociedades não capitalistas e a ação das direções reformistas levam a um horizonte estratégico limitado às democracias. Mesmo quando se questiona a democracia burguesa, não consegue se enxergar alternativa a ela. Embora exista um enorme repúdio aos partidos, ao Congresso, aos “políticos” etc., ainda se reivindica apenas a radicalização da democracia.
A ruptura com a CUT e o PT
A reorganização mais importante do movimento de massas desde o fim da ditadura militar foi a provocada pelo grande ascenso operário da década de 1980, que gerou a CUT e o PT. Foi um processo apoiado nas grandes lutas do proletariado brasileiro e gerou um dos maiores partidos operários de todo o mundo, levando Lula ao governo em 2002.
Hoje, no entanto, o PT e a CUT se transformaram no maior freio do movimento de massas já visto na história desse país. Desviaram grandes mobilizações políticas, como o “Fora Collor”, que terminou na posse do vice Itamar, e o “Fora FHC e FMI”, canalizado para a eleição de Lula.
Com Lula e Dilma no poder, o PT e a CUT convenceram, por dez anos, os trabalhadores a esperar pequenas concessões, enquanto asseguravam gigantescos lucros para as multinacionais. Agora, isso está em crise.
As mobilizações de junho aconteceram sem os aparatos, em particular da CUT e do PT. A CUT não pode evitar a greve do dia 11 de julho, nem que essa mobilização se chocasse com o governo Dilma. A ofensiva das massas vai destruindo a hegemonia de 30 anos do PT e da CUT entre os trabalhadores. Não está completa essa ruptura, mas se iniciou um processo histórico.
Esse processo também está em curso na juventude trabalhadora. Não parece haver ainda uma ruptura majoritária com o governo Dilma nem com o PT na classe operária, mas, aparentemente, existe uma forte crise com o governo de um amplo setor. Uma alternativa também não se viabilizou ainda por causa do medo da direita. Pode ser que essa crise avance até uma ruptura, ou pode ser que haja uma recomposição do governo. Isso poderia ocorrer caso vingasse o projeto Lula em 2014.
Caso acabe a hegemonia reformista do PT e da CUT, existe a possibilidade de massificação de alternativas, como a CSP-Conlutas e a ANEL.
Publicado no Opinião Socialista 465

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

RAP de “A Irmandade” nos faz perguntar: Amarildo tem quantos irmãos em Teresina?

Por Daniel Solon, militante do PSTU



A polêmica recente sobre a letra “Ira”, do grupo de rap “A irmandade”, trouxe à tona o debate sobre como a polícia (militar ou civil) age contra negros e pobres moradores da periferia de Teresina. 

Longe de ser apenas um desabafo do rapper Preto Kedé, que afirma ter sofrido na pele até agressões físicas em baculejos (abordagens de revista policial) pelo Rone (agrupamento de rondas da PM), a música denuncia, na verdade, o cotidiano de violência e truculência vivido pela juventude pobre, seja “na quebrada” ou “no asfalto”, em todo o país.

Depois de ganhar as mídias sociais, o rap acabou recebendo espaço repentino em canais de TV, jornais e emissoras de rádio locais, que trataram, em grande maioria, de retratar a música “Ira” como ameaça pessoal aos comandantes do Rone (Avelar e Abreu), citados na letra. “Criminosos fazem rap ameaçando policiais do Rone” foi uma das manchetes na mídia local.

A criminalização da pobreza e do povo negro não é novidade. Faz parte inclusive do caráter racista e fascista dos aparelhos de repressão estatal que agem autoritariamente. E, não raro, como denuncia “Ira”, há “bandidos fardados” que estão envolvidos em “esquadrões da morte”, em sumiços de pessoas tidas como suspeitas. O caso do pedreiro Amarildo, morador da favela Rocinha (Rio de Janeiro), é prova disso. Ele desapareceu depois de ter sido levado por policiais, para depoimento. Devido às mobilizações populares, que questionam “Onde está Amarildo?”, estão sendo questionados, em escala internacional, os métodos da PM, ainda impregnada do que foi a ditadura militar.

Nas manifestações populares recentes, seja em Teresina, ou em São Paulo, a violência policial mostra o mesmo ranço autoritário. Por essas e outras que até mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) prega o fim da PM.

A população precisa de segurança pública. Isso é fato. Mas precisamos desta polícia tal qual a conhecemos hoje? A PM não tem conserto. É preciso extingui-la. No lugar dela, uma polícia desmilitarizada, controlada diretamente pela população e pela classe trabalhadora, com chefes que devem ser eleitos diretamente.

“Ira” mostra a vida da juventude favelada, acostumada a ver muitas viaturas policiais atrás de suspeitos, “quase todos pretos”, como Amarildo e Kedé, diria Caetano Veloso. O rap constata que para as “blazers” da PM, os buracos, grotões e lamaçais não são problema. Pena que nas quebradas não chegam ônibus escolares, caminhões de lixo e ambulâncias.

É preciso garantir plena liberdade de expressão à juventude, seja ela do movimento Hip Hop ou não. É preocupante como “A Irmandade” vem sendo tratada também no perfil de facebook do Rone. Quando um internauta afirmou que o grupo iria ficar famoso, o “Rone” respondeu: “na cadeia”.

Vou repetir aqui o que escrevi no twitter: Salvem o RAP e a juventude da periferia de Teresina. Se depender do Rone, só terá R.I.P*...

R.I.P: do inglês, Rest in peace, ou simplesmente “Descanse em Paz”