segunda-feira, 29 de abril de 2013

Deputados do PT ao PSDB propõem controle das decisões do STF

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33, do deputado federal Nazareno Fonteles (PT-PI), tem sido vista como uma resposta desesperada contra a condenação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de dirigentes petistas no chamado processo do Mensalão (esquema de compra de votos no Congresso que resultou inclusive na fraudulenta e privatista Reforma da Previdência em 2003).
 
Mas não se trata de mero “revanchismo” de defensores de mensaleiros ou tentativa de “golpe de esquerda”, como apregoa a grande mídia de direita: o relator que deu parecer totalmente favorável à tramitação da PEC na CCJ é ninguém menos que o 1° vice-líder do PSDB na Câmara, o deputado João Campos, de Goiás.
 
O objetivo da PEC, na prática, é limitar poderes do Supremo, submetendo suas decisões ao corrupto e desgastado Congresso Nacional. Por se tratar de um momento em que não se efetivaram ainda as prisões de petistas condenados por formação de quadrilha e outros crimes no processo do mensalão, é justificável a preocupação de grande parte da população ao temer uma improvável anulação nas condenações dos mensaleiros. Além disso, há ainda a tramitação da PEC 37, que pretende diminuir poderes de investigação do Ministério Público, outro fator que atiça a desconfiança da população diante das intenções dos deputados e senadores no “controle” do STF.
 
Mas a PEC 33 também tem outro motivo de existir. A proposta tem tudo a ver com o aumento da influência dos setores mais conservadores do Congresso Nacional e como tais grupos melhor se articulam a partir de agora diante das decisões recentes do Supremo sobre não se considerar crime o aborto de anencéfalos (fetos sem cérebro), sobre a validade de união civil estável entre pessoas de mesmo sexo, sobre cotas para negros e outras polêmicas.
 
Por isso, o apoio incondicional à PEC 33 por parte de João Campos, presidente da Frente Parlamentar Evangélica e o maior defensor da permanência de Marco Feliciano (PSC) à frente da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. O tucano João Campos e o petista Nazareno Fonteles, que estavam juntos pedindo a anulação da decisão do STF sobre aborto de anencéfalos, argumentando que o Supremo tomou o poder de decisão no lugar do Congresso, estão sintonizados no combate aos fundamentos de um “Estado Laico” e na defesa de dogmas religiosos, contra os poucos avanços conquistados pela luta histórica dos movimentos sociais.
 
É justamente do tucano João Campos a PEC 99/11, que pretende incluir as entidades religiosas de âmbito nacional entre aquelas que podem propor Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade ao STF, com o objetivo claro de questionar qualquer lei que porventura possa ser aprovada em favor dos direitos das mulheres de decidir pelo próprio corpo (descriminalização total do aborto), e da luta contra a homofobia (PL 122), por exemplo.
 
Pelo proposto na PEC 33, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) devem ser avalizadas pelo Congresso Nacional que, em caso de deliberação contrária à Corte, passariam pelo crivo de uma consulta popular.
 
Se o motivo fosse mesmo o de “democratizar as instituições” e o “Estado Democrático de Direito”, as bases da reforma política em tramitação no Congresso Nacional seriam no sentido contrário do que foi casuisticamente aprovado na Câmara de Deputados, com a recente aprovação de novas regras eleitorais que aprofundam as já graves discriminações a partidos políticos ideológicos como o PSTU e PCB, diminuindo o já restrito tempo de propaganda no rádio e na TV. E, além disso, precisaria-se minimamente de uma reforma do Judiciário que avançasse para a realização de eleições diretas na escolha de promotores, juízes e ministros do STF, com mandatos revogáveis e temporários. Afinal, do modelo atual de composição dos “Tribunais Superiores”, a “independência” dos poderes é mero conto de fadas.
 
Embora mascarada por uma suposta preocupação com a defesa de garantias constitucionais e pela participação popular direta em caso de divergências entre o Supremo e o Congresso, o objetivo dos setores mais conservadores (desde o PT ao PSDB) não é o da “democratização” das decisões políticas sobre os temas mais polêmicos. Pelo contrário. É por mais garantia de controle sobre temas que porventura não sejam julgados pelo STF de acordo com os interesses dos governos e grupos dominantes. Por isso mesmo, para manter o maior controle do que é decidido no país, garantias de participação direta já previstas na Constituição Federal (plebiscitos e referendos) são meras peças de decoração de nossa “democracia”.
 
Com ou sem a PEC 33, ao que parece, o deputado Nazareno Fonteles, por cultivar a imagem de homem religioso e de parlamentar de “moral ilibada”, foi o cardeal escolhido pela cúpula do PT para desenvolver a lamentável e inglória tarefa de defender petistas corruptos, ao mesmo tempo em que ataca, com toda força possível, as poucas conquistas arrancadas pelos movimentos sociais no STF. 
 
Não temos a menor ilusão de que o Supremo Tribunal Federal atenda aos interesses da classe trabalhadora e do povo pobre. Basta ver que o Supremo, até o momento, não se movimentou em um milímetro em anular a Reforma da Previdência, aprovada no Congresso com o dinheiro do mensalão. Mesmo assim, somos contrários a PEC 33 por representar ainda mais poderes ao Congresso governista e corrupto que temos.

sábado, 13 de abril de 2013

Firmino (PSDB) aprofunda política de terceirização dos serviços públicos favorecendo empresas privadas com valores superfaturados


O prefeito Firmino Filho (PSDB), em apenas 100 dias de gestão, impõe uma forte política de precarização e privatização dos serviços públicos através da contratação de empresas terceirizadas, setor empresarial que teve grande participação no financiamento da campanha eleitoral tucana. Ao invés de valorizar os servidores municipais efetivos, garantir reajuste salarial à categoria que está em greve há mais de 50 dias e nomear  concursados, Firmino contrata terceirizadas com valores superfaturados, fato que está chamando atenção do Ministério Público Estadual.

O Ministério Público Estadual divulgou, por meio de documento enviado pela própria Prefeitura Municipal de Teresina, que a Fundação Municipal de Saúde (FMS) repassa mais de R$ 5 mil por mês à empresa terceirizada Servi-san pelo serviço de um agente de segurança. Já para o serviço de cada técnico de radiologia, são pagos R$ 3,3 mil (ver imagem). Os trabalhadores terceirizados, no entanto, amargam péssimos salários e ganham em média um salário-mínimo. O restante vai para o bolso dos donos da Servi-san. Os valores pagos à empresa são bem superiores ao que realmente recebem os servidores efetivos da Fundação Municipal de Saúde. Com os descontos de previdência e saúde, os vencimentos de técnicos e de agentes de portaria efetivos, por exemplo, ficam abaixo de um salário mínimo.

“Documento encaminhado pela FMS nos diz, exatamente, o valor repassado pela Prefeitura de Teresina à empresa que terceiriza a mão de obra de 257 servidores. São agentes de portaria, motoristas, recepcionistas, dentre outras categorias profissionais, que custam mais de R$ 600 mil aos cofres públicos mensalmente. Se há recursos para pagamento de terceirizado, há para o concursado, que aguarda sua nomeação o mais breve possível”, afirma o promotor Fernando Santos, por meio de sua assessoria. O repasse de R$ 623 mil em troca da força-de-trabalho de 257 terceirizados é parte apenas de um Aditivo de Contrato com a Servi-san feito pela atual administração. No entanto, o número real de terceirizados na FMS e na prefeitura como um todo é muito maior e o repasses mensais são milionários.

Na última quarta-feira (10), o promotor Fernando Santos expediu recomendação aos presidentes da Fundação Municipal de Saúde, Luiz Lobão, e Fundação Hospitalar de Teresina, Aderivaldo Andrade, a fim de que seja feita a imediata suspensão, e posterior revogação, do contrato em questão. Após a notificação, os dois gestores terão cinco dias para se pronunciarem junto à promotoria sobre o caso. 

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) exige que o prefeito Firmino Filho abra negociações com os servidores em greve, atenda as justas reivindicações por melhores salários e condições de trabalho, e faça a nomeação imediata dos classificados nos concursos públicos realizados pela prefeitura. O PSTU quer ainda que seja realizada uma profunda investigação sobre todos os contratos com as empresas terceirizadas, cancelamento de contratos e a efetivação de todos os trabalhadores, onde houver necessidade. 

O Partido também apoia a abertura de processo contra o prefeito Firmino Filho por improbidade administrativa. O processo está sendo preparado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Teresina (Sindserm) devido a contratação irregular de terceirizados, corte ilegal nos salários de grevistas e não cumprimento de determinações judiciais (respeito ao direito de Horário Pedagógico, mudança de nível, dentre outros). 


(Da redação do Blog do PSTU-PI, com informações gentilmente cedidas pelo jornalista Thiago Costa)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

No dia 24 de abril, todos à marcha a Brasília

Editorial do jornal Opinião Socialista nº 458


A convocação da marcha, para o dia 24 de abril, está se fortalecendo em todo país. A unidade da CSP-Conlutas com entidades do funcionalismo (Condsef, Andes-SN, Sinasefe, Fenasps, Fasubra, Asfoc-SN, dentre outras), dos trabalhadores do campo (MST e Feraesp), sindicatos de professores (CPERS, Sepe), correntes da CUT como “A CUT pode mais”, do movimento dos aposentados (Cobap), do movimento estudantil, como a ANEL, e outros setores, indica a possibilidade de uma forte mobilização nessa data.

Essa é a explicação para a “Nota de Esclarecimento” divulgada pela direção nacional da CUT, atacando a marcha. É a expressão de que setores importantes da base e das direções intermediárias da CUT estão aderindo à preparação da Marcha, o que está deixando sua direção nacional muito preocupada.

Essa marcha é unitária, incorporando sindicatos e entidades do movimento sindical, estudantil e popular. Unifica dirigentes de diversos partidos políticos, assim como independentes. Tem como objetivo rejeitar os ataques aos direitos dos trabalhadores, como a reforma da Previdência, e a imposição dos Acordos Coletivos Especiais (ACE). A mobilização unifica, em uma plataforma comum, reivindicações dos distintos setores de trabalhadores, que apontam outra direção para a política econômica nesse país.

Dilma está aplicando uma política econômica a serviço dos patrões. As grandes empresas tiveram lucros altíssimos nos governos do PT. Agora, que existe uma desaceleração da economia, existe uma queda nesses lucros. O sentido das iniciativas de Dilma é o de assegurar que esses lucros não caiam. Vem daí os incentivos fiscais, a redução dos impostos e as privatizações.

O que essa Marcha está colocando em primeiro plano, no país, é que é necessário mudar esse cenário. Chega de dar dinheiro aos patrões. É necessária uma política econômica a serviço dos trabalhadores! É preciso rejeitar os ataques, como a reforma da Previdência e os ACE’s, e avançar com a suspensão do pagamento das dívidas, para que se possa investir na saúde e na educação, como também pagar os reajustes devidos ao funcionalismo. É preciso revogar as privatizações e ter uma Petrobrás 100% estatal, para termos combustível barato.

Não é verdade que todos estão de acordo com os atuais rumos da política econômica nesse país. Nem tampouco é verdade que os que se opõem têm compromisso com a oposição de direita. É hora de que um terceiro campo, o dos trabalhadores, oposto tanto aos rumos do governo petista quanto da oposição de direita, tenha visibilidade nesse momento.

Todos os sindicatos e entidades do país devem chamar assembleias e discutir a preparação da marcha do dia 24 de abril a Brasília.


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Ativistas do Piauí preparam marcha

Diversas entidades sindicais, populares e estudantis no Piauí estão preparando a caravana que resultará em uma grande manifestação no dia 24 em Brasília. Estima-se que pelo menos três ônibus devem ser fretados para garantir a participação de ativistas piauienses nesta mobilização nacional. A forte presença de representantes dos movimentos sociais na reunião de preparação da marcha realizada na última quarta-feira mostra o ânimo dos ativistas piauienses em fortalecer a luta em defesa de direitos.

Participaram da reunião representantes da Central Sindical e Popular - CSP Conlutas, Associação dos Docentes da UFPI (Adufpi), Diretório Central dos Estudantes - DCE/Ufpi, Sindicato dos Servidores da Ufpi (Sintufpi), Associação dos Docentes da UESPI (ADCESP), Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes regional Nordeste I), Sindicato dos Trabalhadores nos Correios (Sintect), Sindicato dos Servidores Municipais, Intersindical, Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel), Movimento Mulheres em Luta (MML), Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Sintrajufe), Educação Com Lutas, Resistência Camponesa, dentre outros ativistas independentes.

No próximo sábado (13), às 15h, haverá reunião da Coordenação Estadual da CSP Conlutas no SINDSERM (rua Quintino Bocaiuva, altura da Areolino de Abreu), onde a construção da marcha é uma das pautas centrais a serem discutidas com entidades, oposições sindicais e movimentos filiados à central.