Por Daniel Solon, ex-candidato a prefeito pelo PSTU
Firmino
Filho (PSDB), um velho conhecido no cenário político teresinense pelo
autoritarismo e práticas de perseguição, voltará à prefeitura municipal, para a
alegria dos especuladores imobiliários e grandes empresários, incluindo os de
transportes (SETUT), setor sempre beneficiado nas gestões tucanas.
O
desgaste sofrido pelo prefeito Elmano Ferrer (PTB) – que enfrentou com truculência
as manifestações estudantis (contra o aumento da passagem de ônibus) e a greve
de 87 dias dos trabalhadores da Educação Municipal – teve muita importância na
derrota eleitoral do candidato de situação.
O
resultado das eleições municipais pode ser analisado como uma demonstração
da vontade popular de derrotar às políticas implementadas pelo governo de
Elmano Ferrer, que recebeu o apoio direto de Claudino/PTB, Wilson/PSB,
Wellington/PT e Ciro Nogueira/PP, odiados por parcela importante da população,
em especial pelo funcionalismo público, pela política de retirar direitos,
arrochar salários e governar para o agronegócio e grandes empresas. Mas
esse resultado está muito longe de ser uma vitória da classe trabalhadora,
da juventude e do povo pobre de Teresina. Na verdade, a eleição de
Firmino agradou bastante aos grandes grupos econômicos e pode ser resumida na
seguinte frase: "Alguma coisa muda, para que tudo permaneça como
está".
Durante o
primeiro turno, denunciamos que havia uma falsa polarização entre Elmano e
Firmino, justamente porque eles foram aliados durante muitos anos e
defendem um mesmo projeto. Por isso, no segundo turno, nós do PSTU defendemos o
voto nulo. Firmino foi prefeito por dois mandatos e representa o
retorno da velha política do PSDB, que esteve a frente da prefeitura de
Teresina por mais de duas décadas . Os tucanos, que assim como o PTB
sempre governaram para os ricos e estavam juntos com oligarcas (Hugo
Napoleão/PSD e Heráclito Fortes/DEM) e grandes empresários, seguirão com
as mesmas políticas de ataque aos trabalhadores, reprimindo e criminalizando
os movimentos sociais, mantendo uma “Teresina privatizada”, que está nas mãos
de poucos e cada vez menos acessível à classe trabalhadora e à juventude.
Firmino
aproveitou-se de muita propaganda enganosa para passar a ideia de que era
contra “o blocão dos poderosos” que se formou no 2° turno, e capitalizou o
sentimento de oposição aos governos em Teresina. Nada mais falso! Firmino Filho
teve toda sua campanha financiada pelos grandes grupos empresariais dessa
cidade, assim como o candidato da situação. Agora Firmino vai ter que acertar
as contas com quem o financiou, vai tirar a fantasia de democrático que vestiu
e fechará a “fantástica fábrica de promessas” que usou durante toda a campanha
eleitoral.
Para
favorecer os grandes grupos que financiaram a campanha do PSDB, Firmino
continuará com a política de terceirizações, beneficiamento de empreiteiras e
isenções fiscais. Para o setor de transporte, promete uma licitação (com cartas
marcadas) e tentará passar a ideia de que o problema do setor estará resolvido,
sem mexer na boa vida das empresas de ônibus. Ou pior, pode tentar de imediato
subir o preço das passagens, caso a juventude e a classe trabalhadora não se
mobilizem para barrar novos aumentos.
Índice de abstenção mostrou
desgaste dos grupos políticos dominantes
O
altíssimo índice de abstenção e de votos nulos/brancos no 2° turno das eleições
para prefeito de Teresina mostra o grau de desgaste vivido pelos grupos
políticos que dominam há décadas o cenário político local. Mais de 118 mil
pessoas (cerca de 23% do eleitorado) não foram às urnas ou votaram nulo ou em
branco, no último
domingo.
Muitos ataques virão dos governos Dilma (PT), Wilson e Firmino. Mas os
trabalhadores e a juventude de Teresina já provaram que com muita mobilização são capazes de arrancar vitórias dos governos que aí estão. Para isso é preciso
reaglutinar todos os setores que se puseram em mobilização em Teresina,
seja aqueles que lutaram contra o aumento das passagens, que participaram de
greves recentes do funcionalismo público, dos trabalhadores da iniciativa
privada, do movimento popular e daqueles constroem as lutas
contra as opressões.
Para
barrar todos os ataques do PSDB e demais governos, o PSTU chama os militantes
do PSOL, PCB e ativistas independentes a construir uma unidade em torno de uma
Teresina e um Piauí para a classe trabalhadora.