quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Nota sobre o caso Fernanda Lages

"Quem matou agora cala
É gente de grande escala
Fica zombando sem medo.

Enquanto o crime apavora
Esse assassino deflora
Uma JUSTIÇA de enredo."

(Samuel Barrêto - Pedreiras-MA; extraído de carta da família de Fernanda Lages)


Crime expõe machismo e privilégio aos ricos na Polícia
Por uma investigação efetiva!
Não à violência contra a mulher!

Neire Costa
da Secretaria de Mulheres do PSTU-PI

A morte da estudante Fernanda Lages, encontrada em um canteiro de obras da futura sede do Ministério Público Federal no Piauí, na madrugada de 25 de agosto, em Teresina-PI, trouxe grande comoção social aos piauienses, que foram às ruas, nesta quarta-feira (26) exigir uma investigação policial séria no caso.
Poucos dias antes de apresentar o resultado das investigações, os delegados responsáveis pelo caso insistiam em dar ênfase na tese de suicídio, de que a jovem teria se jogado do último andar do prédio. As condições em que o corpo da jovem foi encontrado, com marcas de evidente espancamento - a partir das fotos apresentadas na imprensa local - e as contradições de informações sobre o caso, fizeram com que a postura da Polícia Civil fosse fortemente contestada pela opinião pública.
Com a pressão popular, o Ministério Público Estadual entrou nas investigações e, desde o início, os promotores que acompanharam o caso se mostraram firmes em afirmar que se tratava de um homicídio. E mais, que o crime teria envolvimento de um "figurão" da política local, mais especificamente do PMDB. Não demorou muito para que setores da imprensa passassem a falar da vida pessoal de Fernanda, tentando desqualificá-la,para assim, tentar diminuir a pressão popular, apostando na moral machista em que se ampara o capitalismo.
Os graves indícios de que as investigações foram feitas para "suicidar" a jovem fizeram com que os piauienses percebessem, com os próprios olhos, que a Polícia é machista, corrupta, e age de acordo com os interesses da classe dominante: acobertando, se necessário for, os figurões da elite local, e agindo com toda a violência contra os pobres que são acusados de crimes, bem como contra os movimentos sociais,.
"Quem matou Fernanda Lages?" é a pergunta que ainda vai perdurar enquanto as investigações - agora sob responsabilidade da Polícia Federal - não sejam feitas com o interesse necessário pelo aparato policial. Trata-se de um crime brutal, entre tantos outros casos de violência contra a mulher no Piauí, que não têm a devida investigação. Devido às falhas da investigação, o autor (ou autores) do crime estão cada vez mais distantes de qualquer punição. O caminho para elucidação do caso e punição aos culpados é continuar a mobilização da classe trabalhadora para exigir investigação pra valer, mesmo que para isso desmascare o caráter machista e segregador por parte da Polícia e da Justiça, outro pilar também corrupto do Estado sob o capitalismo.
O fato é que casos como o de Fernanda,em que o machismo chega ao mais bárbaro da violência,acontecem todos os dias nas periferias de nossa capital,com mulheres trabalhadoras negras e pobres,mas para a mídia burguesa não é importante denunciar já que isso não gera audiência.
O PSTU denuncia que o caso de Fernanda não é isolado. Ela é mais uma entre tantas mulheres que sofrem com uma moral que nos coloca como um objeto, e uma sociedade que nos impõe a realidade de não podermos decidir sobre nosso corpo e a nossa vida. Uma realidade que é mais dura e cruel com àquelas mulheres que além de oprimidas,são exploradas.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

NOTA DE APOIO ÀS GREVES DA CATEGORIA BANCÁRIA E DOS TRABALHADORES DOS CORREIOS!

Teresina, 5 de outubro de 2011

Os bancos nunca lucraram tanto. Os Correios também lucram de forma impressionante. Mas o que a categoria bancária e os trabalhadores dos Correios têm em comum? São trabalhadores/as que contribuíram decisivamente para a altíssima lucratividade das empresas e que agora estão em greve justamente para reverter a degradante situação salarial e de precarização do trabalho em que se encontram. Mas de que lado está o governo Dilma?
A maioria dos trabalhadores acredita que Dilma é um governo dos trabalhadores e se sente representada por ela. Infelizmente, isso não é verdade. As categorias em greve estão fazendo experiências importantes com o governo. São greves justas, em luta por aumentos salariais. Uma parte importante desses trabalhadores tem como adversário o próprio governo, como no caso dos Correios ou dos trabalhadores dos bancos estatais, Banco do Brasil e Caixa Econômica.
Se fosse de verdade um governo dos trabalhadores, de que forma Dilma deveria encarar as greves? Logicamente deveria apoiá-las, certo? Mas ela não apoiou. Então, pelo menos não deveria reprimi-las para manter a coerência da origem do PT e da CUT, certo? Mas não é isso que está acontecendo.
Ao contrário, o governo orientou o corte do ponto nos grevistas dos Correios e entrou na justiça contra a greve. Os bancários têm que enfrentar o “interdito proibitório”, uma manobra jurídica do governo e dos banqueiros para impedir e reprimir os piquetes. A dureza do governo se enfrenta com a radicalização dos trabalhadores, que querem reajustes salariais e melhores condições de trabalho.
Dilma tem essa postura agressiva para salvaguardar os interesses dos banqueiros, como parte da atitude da burguesia, preocupada com a evolução da crise econômica internacional. Querem negar aumentos reais para defende os lucros ainda maiores para as empresas, na preparação para prováveis efeitos da crise no Brasil.
Não é por acaso que Dilma tem essa posição. Em cada passo de sua administração vemos laços fortíssimos do governo com as grandes empresas. Já vimos como o governo apoiou a privatização do Correios, para formar a “Correios S.A.”. Já vimos como Lula e Dilma ampliaram a manutenção das mais altas taxas de juros do mundo, beneficiando os banqueiros.
Por isso, conclamamos a solidariedade do conjunto do movimento sindical e popular em apoio aos trabalhadores/as bancários e dos Correios em greve e exigimos de Dilma a anulação da privatização dos Correios e a estatização do sistema financeiro.